sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Boreal
Na distância, perdida entres brumas marmóreas, dança a esguia dama glacial. Seu vestido flana sobre seu corpo etéreo enquanto ela gira e serpenteia como uma chama fria e intangível. Caminho em sua direção enquanto a neve molha meu corpo e congela meus pés, que insencíveis me levam ao desatino desta busca sem fim. Pois por mais que caminhe tudo que consigo é cansar-me mais de buscar calor na frieza de seus lábios.
Léguas que me levam horas de uma vida que, para mim mesmo, começa a parecer tão distante quanto a dama que busco em frenesí. Não deixo pegadas pois a neve que cai cobre os fracos sulcos que marcavam o solo pálido no qual pisei logo cobrem minha passagem. Sou eu mesmo um fantasma de mim, uma sombra pálida filha de uma luz distante que mingua.
No alto correm nuvens gélidas, levando meu hálito quente e tudo mais que há dentro de mim, deixando apenas essa paixão insana que me leva, enfim, à obliterada alvura de uma paisagem sem horizontes.
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